quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As aventuras de Capitão Lagrange: Capítulo 1 - Introdução (2ª parte)

Por Matemaníaco
(continua daqui)
-Tive acesso à sua ficha. Você foi um excelente piloto no seu treino de simulações, melhor do que muitos experientes cá fora na realidade, sei inclusivamente que você é quem comandará a frota que nos tirará daqui.
- A minha ficha é material classificado do Império Mat da coligação dos Impérios! Se está aqui há três anos como é que conseguiu vê-la? E isso de eu comandar a frota que nos tirará daqui.. Eu nem sei onde é “aqui”. Tanto quanto eu sei, o senhor pode ser alguém a mando de outro imperador só para conseguir extrair-me alguma informação.
-Sabe há quanto tempo está aqui?
-Talvez dois ou três dias? Uma semana no máximo!
-Um ano. Você neste momento nem consegue andar.
-Peço desculpa?
-Quando foi recolhido, estava em coma, tinha vários ossos partidos, órgãos destruídos, e sob o efeito de muitos tipos de radiação. Trazê-lo de volta foi um verdadeiro milagre! Sei muita coisa sobre você porque uma das naves que chegou cá, veio do futuro, onde você é uma lenda histórica.
Sei como veio aqui parar, histórias do seu tempo na academia militar, tudo sobre a sua infancia em cargueiros civis, e repito, sei que comandará a frota que nos tirará daqui, sei como se chamarão todos os seus filhos, alguns dos seus netos, que a coligação dos Impérios sofrerá uma divisão... Ponha-me à prova. Há muito pouco sobre si que eu não saiba.
Lagrange estava incrédulo.
-Está bem, vou entrar no seu jogo. Diga o tamanho do meu instrumento quando não está flácido.
-É uma pergunta retórica ou está a falar a sério? Como não quero envergonhá-lo espero que a enfermeira saia.
-Não precisa, eu dei-lhe banho hoje de manhã.- Respondeu a enfermeira que aparentemente ouvia a conversa.
-Não vale! Isso é batota! Se ela já viu, deve ter comentado com os colegas e de alguma forma a informação chegou a si!
-Acha mesmo que esse tipo de informação me interessa? Eu sei o valor mas é porque está no diário da sua futura esposa, e esse diário será de estudo obrigatório em todos os cursos de literatura imperial, da futura aliança TASCA, e motivo de anedotas nas gerações futuras de todas as vertentes de defesa imperial.
-Não se preocupe, não é o tamanho que interessa- sorriu-lhe a enfermeira
- Engraçadinha.
-Tem alguma questão em particular?
-Sim, diga-me o nome da primeira rapariga por quem me apaixonei na primária, mas nunca lhe contei.
-Joaquina Mendes.
-Depois dessa?
-Cristina Ano-Luz. Olhe.. eu sei que é, sempre foi e continuará a ser um grande mulherengo, mas não quer mudar de assunto?
-Mulherengo eu?
-Com 45 namoradas até aos 18 anos não sei o que quer que eu lhe chame...
-Ok, Quem me convenceu a entrar na academia imperial?
-A sua professora de educação física Joana Torres, que resistiu aos seus avanços.
-E quando foi que...
-Espere, eu tenho uma ideia melhor. Vou contar-lhe algo que mais ninguém sabe e ficamos por aqui, pode ser?
-Não estou a ver como...
-Comandante David Lagrange você aos 15 anos perdeu um jogo de Xadrês na segunda eliminatória para Xic Taylor do planeta Achenar239, na altura planeta independente. Passou duas horas a chorar no duche e só parou porque acabou a água. Passou o resto do dia com óculos de sol a ver desenhos animados holográficos, e quando seus pais chegaram, disse-lhes que perdeu o jogo mas que não era nada de especial.
-Nunca contei isso a ninguém!
-Vai contar isso um dia a um filho seu que por sua vez o escreverá na introdução de um livro sobre você.
-Sabe muito sobre mim.
-Passei 6 meses a estudá-lo antes de você chegar.
-Há por aqui alguém desse futuro?
-A maioria morreu, mas sobreviveram algumas pessoas. Em particular, uma concubina do Imperador Armaggedon foi muito útil ao dar-me informações sobre o seu futuro próximo.
-Se ela contou-lhe sobre mim, porque é que não salva você esta gente em meu lugar?
-Como não percebe nada de mecânica temporal, vou por-lhe em termos leigos: Não podemos mudar a história,
-Mas você contou-me que eu vou comandar a frota que sairá daqui.. isso não me dá liberdade para mudar o futuro?
-Não. Você ouviu o que tinha de ouvir. Foi tudo calculado por forma a que você cumpra o seu papel na história.
-Eu não gosto dessa história de já ter o meu destino escrito! Eu faço o meu destino! Isso são tudo tretas! Hã? Porque é que eu não consigo me levantar? Que me fizeram? Socorro! Cabrões! Vão pagá-las! Filhos duma grandessíssima p...
Gritou Lagrange enquanto tentava desesperadamente mexer-se. A enfermeira aproximou-se e deu-lhe mais uma injecção e pô-lo a dormir.
-Isto vai demorar. Não tem piada saber o futuro se vamos levar imenso tempo a lá chegar.
Óxinol saíu da sala... atravessou vários corredores gigantescos naquele destruidor despenhado no planeta com aneis, que agora servia de hospital improvisado. À porta estava um caça à sua espera.

-Como correu? - perguntou o piloto
-Missão cumprida. Agora espera-lhe uma demorada fisioterapia.
-Fisioterapia?

-De acordo com a equipa médica ele não deve conseguir voltar a andar sem um tratamento de injecções de nanites programas por um especialista em neurologia. Temos nanites, não temos um especialista. Até encontrarmos um, não podemos ter as últimas nanites paradas
-Então, vamos usá-las em quê? É suposto ele ser o nosso salvador!
-Que se salve a si mesmo primeiro. Vamos usar as nanites a reconstruir cargueiros e naves de batalha. Vamos explorar a vizinhança, obter recursos e tratar este planeta como se fosse um planeta colonizado em qualquer um dos impérios intergalácticos.
-Sim mas para isso vamos precisar de um imperador.
-Felizmente, caiu-nos um do céu...
(... continua, aqui )

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