sexta-feira, 28 de setembro de 2012

As aventuras de Capitão Lagrange: Capítulo 1 - Introdução (3ª parte)

Por Matemaníaco
(continua daqui)
Algumas horas depois, Lagrange acorda com uma jovem médica pela frente.
-O meu nome é Glorie L. Boavida. Peço desculpa por termos deixado aquele burocrata falar consigo antes de nós.
-Ele sabia coisas...
-Mais ninguém sabe, mas eu sou sua bisneta e sua médica, por isso penso que sei mais do que ele e que toda a equipa.
-Oh bonito... uma médica do futuro.
-Aquele Óxinol não é de confiança. O meu chefe de equipa anda a dar-lhe informação a mais e ele nem é da família.
-O quê? Eu preciso mesmo de uma bebida...
-Eu sei que isto deve ser muito para si, mas eu preciso que se mantenha calmo, e eu conto-lhe o que sei.
-Mas antes de mais nada... Eu não consigo controlar nada do meu tórax para baixo!
-As lesões que sofreu são graves. Os meus colegas de equipa, todos de pontos anteriores no tempo só conhecem uma forma de abordagem: tratamento com nanites pré-programadas por um neurologista. Por cá isso está fora de questão. Não temos um único neurologista programador, nem o equipamento necessário para escrever código em nanites. Isso está tudo nas mãos dos militares.
-Oh... vou realmente ser um grande heroi neste estado.
-O chefe disse ao Óxinol que com Fisioterapia, o sr ..
-Por favor.. não te dirijas a mim na 3ª pessoa. Deves ter mais ou menos a minha idade.
-Está bem, bisavô.
-E não me chames isso! Chama-me David.
-David! Pronto! A verdade é que sem nanites, a fisioterapia não vai fazer milagres por ti. Não sei o que é que o meu chefe tem em mente, mas não quero discutir com ele nem que ele perceba que eu venho de um ponto mais à frente no tempo.
-E eu a pensar que me ias dar alguma esperança. Espera... para eu ser teu bisavô, há qualquer coisa em mim que ainda vai ter de voltar a funcionar! Eu ainda nem sou pai!
-Como é que sabes? Já pensaste nas raparigas todas que foste deixando para trás? Gostarias que fizessem o mesmo a uma filha, neta ou bisneta tua?
Lagrange corou e calou-se.
-Tu deixaste-me uma carta lacrada, ainda escrita em papel que passou de geração em geração até mim. Foi-me entregue pela minha mãe, no dia em que fui admitida como médica na frota astral.
-Dizia-te alguma coisa interessante?
-Não te vou dizer. Tens de tomar as tuas decisões sozinho. Não porque estão escritas.
Sabendo que este dia eventualmente chegaria, há 5 anos que trago comigo, neste colar nanites especiais, pré-programadas e autoprogramáveis, que ainda não foram inventadas no teu tempo. Para além de curar-te vão dar-te alguns extras que te vão ser úteis quando fugires daqui.
-Fugir?
Glorie começa a preparar uma injecção e continua a dar instrucções.
-Amanhã de manhã as nanites já terão completo o trabalho. Uma enfermeira virá dar-te o banho. É bom que não suspeite de nada, portanto, nada de mover um músculo. Assim que ela sair tens cerca de 20 minutos em que não haverá um médico nos corredores principais. Estamos dentro de um destruidor do teu tempo, não deves ter dificuldades em encontrar uma saída.
-Eu não conheço o design de um destruidor! Esse plano não me ajuda! AI. Isso doeu! Que raio de médica! Nem sabes dar injecções!
-Não te preocupes com nada, a dor foi propositada. As nanites vão ajudar-te. Agora vou sair. Vou dizer aos meus colegas que continuas sem alterações e que ainda tentaste seduzir-me...
-Sim, vai contribuir para a fama do bisavô... Mas antes aproxima-te, por favor.
Glorie aproximou-se e Lagrange deu-lhe um beijo na testa.
-Obrigado por tudo. Ainda não sei se deva acreditar em ti, mas prefiro-te a ti do que ao outro tipo.
Glorie sorriu e saiu.
Na manhã seguinte, passou a enfermeira para dar o banho.
-Sabe, hoje eu estou acordado... vou vê-la a dar-me o banho.
-Eu sou uma profissional. Nunca um doente teve uma única queixa de mim.
-Ah, você mata quem tiver motivos de queixa!
-Não diga disparates.... Meu Deus!!!!
-Que se passa?
-O seu... o seu... Está muito, mas mesmo muito maior!
Lagrange olha para baixo, volta a olhar para a enfermeira e começa a rir-se
-Pensei que o tamanho não interessava!
-No seu caso eu tenho de ir informar os médicos. Pode ser um tumor.
-Por favor, dê-me o banho antes...
-Sim, deve ser melhor.
E a enfermeira pega na esponja e dá-lhe o banho.
-Sabe, nunca me disse o seu nome, e não está na sua bata como seria normal.
-Oh, peço desculpa. Chamo-me Natália Sofia. Estamos sem material para por os nomes nas fardas. Espere! Eu vi-o mexer a perna!
-Hã? Sabe perfeitamente que isso é impossível.
-Não, eu sei perfeitamente o que vi. Espere, eu vou mesmo chamar um médico.
-Não faça isso...
A enfermeira afasta-se a correr,
-Bolas! Não podia ao menos dizer-me onde posso arranjar um pijama?
Lagrange salta da cama e começa a correr nú  pelo corredor vazio até apanhar a enfermeira.
Caem ambos no chão. Lagrange tapando a boca da enfermeira diz:
-Peço imensa desculpa Natalia. Só quero lhe pedir que diga onde arranjo roupa e pedir-me que lhe explique porque é que não há mais ninguém por cá. E não faça nenhum disparate.
-Somos apenas 3 enfermeiros e dois auxiliares para 90 doentes acamados. Por favor não me faça mal.
-Natália, eu só quero roupa e sair daqui.
-Mas ainda não lhe deram alta!
-Juro que se me sentir mal eu volto. Onde posso encontrar roupa?
-Existem uns balneários com cacifos no princípio do corredor. Ainda devem ter as fardas e equipamento da tripulação.


-Muito obrigado Natália.Peço-lhe que se mantenha deitada por mais 10 minutos, só para me dar tempo de sair daqui. Em troca eu vejo o que posso fazer para que as suas condições de trabalho melhorem.
Lagrange dá-lhe um beijo na face e e mais uma vez corre completamente nu, aceleradamente pelo corredor até aos balneários. Lá encontra vários cacifos identificados com os nomes dos médicos, incluindo o da Glorie e algumas dezenas de cacifos fechados.
Lagrange arromba o cacifo de um “Frank Stewart” e felizmente logo nesse encontra roupa à sua medida.
Entretanto, Natalia chega à sala dos médicos e diz:
-O paciente Lagrange! Acabei de o ver a correr... e tem o coiso muito maior!
-Isso é impossível, não brinque!
-Coiso maior? Está a falar de quê?
- O pénis – Responde Natália com um ar sério!
-Foste tu que combinaste isto com ela? -Pergunta um dos médicos a Glorie -Olha para a cara dela! Tão séria!
-Senhores, eu não estou a brincar, ele saiu a correr até aos balneários!


(... continua, aqui )

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