terça-feira, 6 de novembro de 2012

As aventuras de Capitão Lagrange - Capítulo 3 : Os outros ( parte 10 )

por Matemaníaco
(Continua daqui)
Esta história com os robots incomoda-me! Eles destruíram o nosso caça, e reconstruiram-no. Tiraram-te das minhas nanites, e puseram-te nesse corpo espectacular, e só queriam conversar connosco? Não achas isto estranho?
– Capitão, é a primeira sociedade organizada de robots que eu conheço. Para eles, desactivar um máquina e reactivá-la é normal.
– Não estejas a simpatizar com eles só porque também és artificial.
– Eles fizeram-me upload de alguns ficheiros com a história de Robótica. Tiveram muitos dos mesmos problemas que vocês.
Algumas pessoas, às portas da morte foram convertidas em IAs e até hoje ainda são IAs. Naquela sociedade, muitos já foram humanos. Internamente, é assim que funcionam... nunca precisaram de destruir um dos deles.
– E a Esperança?
– Acho estranho. Por exemplo podem ter detectado que mais alguém estava a receber as mensagens deles e desligado os comunicadores.
– Consegues ligar-te a mim, como antes?
“Assim? Agora consigo!”- NIA e Lagrange podiam comunicar como que telepaticamente.
“Porquê só agora?”
“Não sei, mas parece-me que o problema estava nas tuas nanites. Voltas lá para dentro?”
“Sim, volto, mas preciso que saibas que eu acho isto muito estranho.”
Lagrange voltou a sentar-se ao lado de Gonzalez.
– Perdoe-me a ousadia... pode dizer-me de onde conhece aquela bomba?
– É classificado.
– Classificado por quem?
– Também é classificado.
O caça sobrevoou a cratera e aterrou numa pequena pista de aterragem a norte. Lá já estavam aterrados quatro cargueiros pequenos e dois caças ligeiros.
As portas abriram-se e saiu NIA, Lagrange e por fim Gonzalez.
Serguei e um conjunto de homens armados aproximou-se do cargueiro.
– Capitão Lagrange? Disseram-nos que este caça tinha sido destruído.
– E foi – Respondeu Gonzalez.
Lagrange estendeu a mão a Serguei e diz
– Dá cá um bacalhau.
Serguei aperta a mão de Lagrange e dá-se uma comunicação entre as nanites de ambos.
– Que diabos?
– Agora aperte a mão dela, e terá as respostas que quiser.
NIA estende a mão.
Serguei aperta-a e NIA mantem-na apertada por cerca de 32 segundos, enviando-lhe pelas nanites imagens de onde esteve, partes do seu log pessoal e alguns ficheiros com a história de Robótica.
– Capitão, que se está a passar?- perguntou Gonzalez
– NIA deve estar a contar-lhe o que nos aconteceu...
– Ela também tem nanites?
– Ela é um andróide bem sofisticado.
– Andróide? Como é que eu não percebi isso? Capitão, eu gostaria de ter uma “boneca insuflável” daquelas!
– Gonzalez, só te vou avisar uma vez: Se voltas a referir-te a ela desrespeitosamente vais ter problemas sérios comigo!
– Peço desculpa capitão.
Entretanto a comunicação acabou.
Serguei olhou NIA nos olhos e depois olhou para Lagrange.

– Mas que história mais marada!
– Concordo plenamente!– Respondeu Lagrange – Onde anda o resto da frota?
– Os restantes caças ainda não chegaram. Estão a seguir o protocolo.
– Em caso de perda de contacto com a Esperança, manter as comunicações apenas em modo de recepção, e vir para aqui, certo... acho que não devem ter percebido a parte de “vir para aqui” .
Serguei fez sinal e os homens baixaram as armas.
– Se a vossa base de dados estiver intacta, vocês têm a última posição conhecida da Esperança.
Vocês os dois, acompanhem-me. Ela que espere pela nossa equipe técnica.
– Que vão fazer-lhe?
– Não estás à espera que eu deixe uma androide que veio de um exercito de robots, que destruiu e reconstruiu um dos nossos caças e sabe-se lá como, consegue monitorizar as nossas comunicações e também sabe-se lá mais o quê, circular por aqui, estás?
– Eu sei mas... eu não consigo deixar de confiar nela!
– Capitão, se a equipa técnica não encontrar nada de errado com ela, talvez eu lhe devolva a boneca.
Voltando-se para um dos homens diz-lhe:
– Quero uma equipa de técnicos, de preferência mulheres a analisar aquela androide uma equipa só de humanos a analisar aquele caça, e uma equipa médica a fazer um check-up a estes dois com a máxima urgência!

(Continua)

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