quarta-feira, 3 de outubro de 2012

As Aventuras de Capitão Lagrange - Capítulo 2 : Encontro no espaço-tempo (parte 4)

Por Matemaníaco
(continua daqui)

-Que se colonize outros planetas da vizinhança, e se construa um império?
-Sim sua majestade. A única forma de sairmos daqui é com tecnologia de salto. Vamos precisar de centros de pesquisa, recursos...
-Óxinol, eu já li o “O império de may”.
-Peço desculpa pela inconveniência.
-Sabes, desde que acabei de ler o livro que penso nisso.
-E?
-E ainda não decidi. Eu estou a considerar a ideia.
-Se não é indiscrição, há quanto tempo leu o livro?
-É indiscrição. Podes sair Óxinol.
-Só mais uma coisa...
-Sim Óxinol.
-Nas contrucções, as pessoas que vieram do futuro...
-Sai Óxinol. Deixa as pessoas que vieram do futuro em paz. Até tu vieste do futuro de muita gente, incluindo eu!

Óxinol saiu, e dirigiu-se calado para o bar da nave. Pouco depois Hara recebeu o detective Muitus Tretus.
-Boa tarde sua majestade.
-Boa tarde senhor Tretus. Finalmente vou ter notícias do alegado sabotador?
-Hoje vai saber disso e muito mais...
-Muito mais?
-Bom. Lembra-se de ter-me pedido que investigasse as pessoas que compõem o seu governo provisório? Tenho aqui informações que devem interessar-lhe - E entregou um cartão de leitura a uma das empregadas de Hara, que prontamente entregou-o a Hara.
Os cartões de leitura são dispositivos de armazenamento portatil de informação, tal como as disquetes ou as Pen’s dos finais do século XX, princípio do século XXI da Terra Original.
-Pode resumir-me?
-Não vale a pena. Mas devo avisar-lhe que nas minhas investigações, encontrei duas versões de duas pessoas.
-Como assim?
-Sabe que aqui é teoricamente possível termos uma pessoa que veio de dois pontos distintos no tempo. Pois bem, encontrei duas pessoas nessas condições.
-Como foi que isso escapou aos serviços de identificação?
-Não seja ingénua sua majestade. Sabe que nem toda a gente está identificada. Mas são pessoas que sabem como sair daqui, uma vez que a versão mais velha, foi alguém que regressou.
-Quem são elas?
-Doutor Rui Matos e estudante de enfermagem Natália Sofia. As primeiras versões e estão a servir a bordo do Destruidor-Hospital no sector 32-43. As segundas estão no sector 63-52, e vieram como investigadores, a bordo de um intersector imperial da frota do imperador McLopes.
-”Imperador” McLopes? Não conheço.
-Claro que conhece. Foi subcomandante desta nave, numa missão de exploração espacial a mando de sua alteza real, o rei Flávius...
-Incrível. Saber que chegará a imperador. Mas sr Tretus, essa não foi uma missão qualquer: foi a missão que me trouxe aqui. Já agora, não sabes mesmo como sairemos daqui?
-Não, mas sei que sairemos.
-E o sabotador?
-O sabotador... foi João Tudor. Mas se não o fizesse a NB teria se desfeito no hiper-salto. Está tudo explicado no cartão de leitura.
Hara não sabia o que dizer.
-Muito obrigado pelos teus serviços.
-Foi uma honra para mim. Contacte-me sempre que precisar.
E Tretus saiu...

Localização : planeta com aneis, sector 32-43

Lagrange saiu do destruidor, ainda com a marca vermelha da bofetada de Natália na cara. Lá fora estavam várias construcções recentes. Casas, estradas, bares, restaurantes, night-clubs, edifícios burocráticos. Algo que noutra época da história da humanidade seria impossível conceber, e inimaginável tendo em conta as condições que tinham os médicos dentro do destruidor.
-Ir para Este,disse ela...
Lagrange fechou os olhos e na sua mente surgiu um mapa.
-Só é pena que eu nunca tenha sido bom a ler mapas bidimensionais.
Lagrange anda uns 10 minutos até entrar num bar.
Ao entrar, o bar estava meio vazio. E estava uma cara conhecida ao balcão.
-Comandante Lagrange!!
Lagrange olhou-o...
-Você era o barman na minha nave! Desculpe, não me lembro do seu nome..
-Barman Hic Silva, senhor. Ofereço-lhe uma bebida!
-Isso faz de você o meu melhor amigo. Desde que acordei neste planeta que, parece que estou num planeta de abstémios.
-Só uma coisa: Não me peça vodka preta. Não temos!
-Olhe, ainda bem que é grátis. Não sei com que é que se pagam as coisas por cá.
-Onde é que tem andado? Debaixo de uma rocha?
-Estive em coma.
-Se já está em pé e cá fora, deve ter acordado há algum tempo.
-Sabe, pode ser o meu melhor amigo, mas não lhe posso dar muitos detalhes.
-Fale só do que puder. Não estou aqui para lhe arranjar problemas. Então, o que é que vai ser?
-Ofereça-me um copo da sua melhor bebida.
-Do melhor? Sim senhor, uma vez comandante, sempre comandante
-Aqui entre nós.. Já ouviu falar de uma tal de “sábia”?
-Pode tratar-me na 2ª pessoa senhor. A sábia, é uma ex-concubina do Imperador Armaggedom. Por cá é uma negociante de sucata, e é a única negociante de nanites autorizada neste sector pela rainha Hara.
-Já têm fábricas de nanites por cá?
-Não, as nanites e os robots que encontrar por cá vieram todos nas naves. Oficialmente não temos nanites suficientes para construcções nem programadores para aplicações médicas, mas temos forma de as usar para refinar material.
-Oficialmente?
-Sabemos que alguns indivíduos têm, e usam para ganhar recursos no mercado negro.
Hic põe um copo em cima da mesa, prepara um cocktail, colocando uma rodela de uma fruta que Lagrange não conhecia.
-Tome, por cá chamam a isso Estrela da Morte.
-E isto?
-Isso é uma fruta nativa, chamam-lhe protanera. Pode comer a rodela.
Lagrange prova...
-Muito bom. Eu estava mesmo a precisar de uma coisa destas...
E bebe o resto.
Depois dá uma dentada na protanera e cospe...
-Pá... Isto é amargamente ácido.
Hic ri-se.
-Que história é essa de “Rainha Hara”? No império Ogamus despromoveram a imperatriz?
-Comandante, esta é uma versão anterior. A rainha é muito jovem... e que eu saiba não estamos em ponto nenhum do universo conhecido.
-Não sei como é que vou me habituar a este mundo... Já agora, este planeta já tem nome?
-Oficialmente não... mas por cá chamamos-lhe “Cronos”.
-Como é que sobreviveste?
E a conversa continuou...

(Continua aqui.)

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