Por Matemaníaco
(continua daqui)
Através de Hic Silva, Lagrange
aprendeu um pouco sobre a vida em “Cronos”, o planeta azul
rodeado de anéis e destroços, e oficialmente habitado por menos de
3 milhares de sobreviventes de todo o tipo de missões espaciais de
todo o Universo conhecido.
-Sabes, uma frota de recicladores
limpava aquilo lá em cima, e assim evitavam-se saltos com
rematerializações em cima de destroços.
-Já muitos clientes me disseram isso. Só temos um problema: não
há recicladores.-Que espera a rainha para termos um Hangar?
-O problema é que aqui temos de começar do zero. Disseram-me que aqui algumas leis da Física são diferentes das que conhecemos.
-Leis da Física diferentes? Quais? Quem disse isso?
-Dois cientistas de uma das expedições, que costumam vir cá todas as noites de 6ª. Eu não sou perito no assunto, mas pelo que me disseram a nossa tecnologia de salto tem de ser repensada do zero.
-Obrigado pela conversa e pela bebida. Diz-me só onde encontro essa tal “sábia”.
-Vá para este, siga a estrada até encontrar uma enorme cratera. Dentro da cratera encontra várias tendas. A sábia está na 2ª tenda azul à esquerda.
-Obrigado. Leve lá isto. Oferta da casa.- Hic oferece-lhe uma garrafa de um litro com um líquido transparente.
-O que é?
-Vodka, considere isto um convite para voltar cá.
-Hic... és o meu melhor amigo neste planeta! Trata-me por tu!
E Lagrange sai, ainda com o amargo da protanera na lingua, mas o sabor da “Estrela da Morte”.
Ao atravessar a porta choca com Natália, mas muito rapidamente apanha-a e evita que caia ao chão... deixando esse destino para a garrafa de vodka.
-Peço imensas desculpas- disse Lagrange.
-Sr Lagrange!
-Por favor não me bata.. só não quis que caísse.
-Oh---Obrigado. -Gaguejou Natália- Foi muito rápido. Nunca vi ninguém mexer-se tão rapidamente.
Lagrange parou, soltou Natália e respondeu, olhando para os seus braços:
-Nem eu.
-Se prometer que não tenta beijar-me outra vez daquela forma, um dia tomamos um copo.
Lagrange sorriu.
-É bom saber que posso tentar de outras formas.
-O senhor sabe o que eu quis dizer.
-Está bem, aceito o convite, diga-me como posso entrar em contacto consigo.
Natália agarrou-lhe na mão e apertou-a.
-Que foi isso?
-As minhas nanites enviaram o meu contacto às suas.
-Também tem nanites?
Natália sorriu.
-No seu tempo isso não é comum?
-Só em quem serve as casas imperiais de toda a galáxia... Portanto a menina é do meu futuro?
-Sim sou, mas não sei nada sobre si. Por favor não divulgue...
Lagrange beija-a na face, pega na garrafa que caiu intacta no chão e disse.
-O seu segredo está seguro comigo..
-Até à próxima.- Despediu-se Natália entrando no bar.
Lagrange olhou para a porta, tentava lembrar-se da cara da enfermeira que o deixou inconsciente da única vez que acordou na nave de batalha... mas a memória não o ajudava.
Se fosse Natália, sabia que havia inconsciências na história. Se não... queria poder confiar nela.
Lagrange afastou-se e foi em direcção a este.
Cargueiro Grande Leonard Euler , 4 de Agosto de 2054C0 , 20h15min
Log pessoal da estudante de
enfermagem Natália Sofia Andrómeda
Hoje vi uma rapariga igualzinha a mim numa notícia de
há 42 anos. Não consegui descobrir o nome. Era uma notícia sobre
uma exploração espacial onde encontraram várias naves que foram
recuperadas e passaram a fazer parte da frota do imperador da
altura.
Cabine de sua
majestade, a rainha Hara, a bordo da Nave
de Batalha Esperança.Presente
Comunicação encriptada a chegar.
-Passa para as minhas nanites – Diz Hara, dentro de uma banheira
, no banho.-Hara?
-Podes falar Glorie, a comunicação está segura.
-Lagrange está fora daqui, O chefe deu-nos uma valente descasca por termos deixado um doente que saiu inexplicavelmente dum coma sair daqui.
-Portanto, tudo correu como o planeado?
-Sim, mas tive de por o Rui, o Joaquim e a Natália a par de certas informações.
-Confias neles?
-Apaguei a memória do acontecido ao Joaquim. Confio no Rui e na Natália.
-E eu confio em ti. Portanto já posso contactar o David por nanites?
-Sim, já. Vou enviar o ID de comunicação subespacial em anexo no fim desta comunicação.
-Obrigado. Um dos meus detectives particulares, mostrou-me que existe por cá uma 2ª versão da Natália e do Rui, supostamente, vindos do futuro das versões que conheces. Sabes de alguma coisa?
-....
-Glorie?
-... Peço desculpa. Estou chocada por ouvir isso. Essas versões não entraram em contacto?
-Não...
-O melhor conselho que posso dar é o que mais ouvi nas aulas de mecânica temporal: “Deixem o tempo seguir o seu curso e tomem as decisões que tiverem de tomar...”.
-Se calhar é mesmo o melhor. Eles não têm interferido em nada, parece mesmo que não querem alterar a história.
-Não te preocupes Hara. Vai tudo correr bem. Sobre isso de alterar a História... parte do código que escrevi nas nanites alterou ...uma condição médica do meu bisavô. Mas, de acordo com um livro que aqui tenho, a história não mudou, ou seja, na altura em que este livro for escrito... tudo estará como se eu não tivesse lhe dado as injecções.
-Está bem... como me explicaste um dia, isso significa que podemos conseguir regressar aos universos que conhecemos...
-Sim..e não a versões alternativas.
-Por outro lado incomoda-me saber que o meu futuro pode estar predefinido.
-Por hoje é tudo. Beijos Hara..
-Beijinhos Glorie.
Comunicação terminada.
Comunicação em curso.
Comunicação em aberto via nanites.
-Olá velho amigo.-Hã?? Quem é que está a falar? - Lagrange olha à sua volta e não vê ninguém.- Aquela protanera deve ter efeitos secundários
-Comunicação por nanites.
-Hara? És tu? ...Tenho de aprender a usar isto, imagina que eu estava no bar a falar com o Hic.. passava por maluco.
-Já encontraste “a sábia?”
-Ainda não.. tive de passar primeiro pelo bar.do Hic
-Sempre o mesmo...
-Pelo que percebi, não sou o mesmo que tu conheces.. sou uma versão anos mais velha...
-Sim, eu sei, eu visitei-te algumas vezes.
-Como é que estás a contactar-me pelas nanites?
-Foi a Glorie que me deu o teu contacto.
-E eu nem posso ver uma coisa do tipo “chamada a chegar”, “aceitar” ou “recusar chamada”?
-Quando aprenderes a usar isso, vais ver que tens essa opção.
-Mas diz lá o que é que tu queres.
-Quero que tenhas cuidado... e marcar um encontro contigo aqui nesta nave.
-Um encontro.. tu e eu? Neste momento estou com uma coisa com uma enfermeira..
-Mudaste mesmo.. o Lagrange que eu conheci nunca recusaria.
-Eu não estou a recusar, estou a informar-te que o teu papel aqui é o de “a outra mulher”.
-Sim, mas o encontro é para assuntos sérios e deve manter-se o mais secreto possível...
-Não me podes adiantar para o que é?
-Não.. só pessoalmente.
-Está bem, sua majestade!
-Agora vou desligar comunicações. Até breve David.
-Até breve.
Comunicação terminada.
Lagrange olha para a
garrafa de vodka que tinha na mão e diz:
-Isto merece uma bebida...
Abre a garrafa, e bebe logo um quarto de litro rapidamente como se fosse água.
(continua)
-Isto merece uma bebida...
Abre a garrafa, e bebe logo um quarto de litro rapidamente como se fosse água.
(continua)
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